Em 2021, o mundo do cinema foi agraciado com uma obra-prima da diretora Chloé Zhao: Nomadland. Este filme, baseado no livro de não ficção de Jessica Bruder, não apenas captura a beleza das paisagens americanas, mas também mergulha na alma daqueles que escolhem viver à margem da sociedade convencional, ao vencer o Oscar de Melhor Filme, consolidou seu lugar como um retrato tocante e visceral da vida nômade moderna. O filme segue Fern, interpretada magistralmente por Frances McDormand, uma mulher que, após a recessão econômica de 2008 e a consequente perda de sua cidade natal, decide embarcar em uma vida na estrada em sua van. Esta escolha de vida nômade não é apenas uma consequência das circunstâncias, mas também um ato de autodescoberta e liberdade. Enquanto Fern viaja, ela encontra outros nômades, cada um com sua própria história e razões para adotar esse estilo de vida. Estas interações revelam uma comunidade que, embora dispersa, é profundamente conectada por valores compartilhados de independência e solidariedade. Chloé Zhao é conhecida por seu estilo de direção imersivo e naturalista, e Nomadland não é exceção. O filme é repleto de cenas de tirar o fôlego das vastas paisagens americanas, desde o Badlands de Dakota do Sul até as planícies do Nevada. Mas além da beleza visual, o filme se destaca por sua autenticidade. Muitos dos nômades que aparecem no filme não são atores profissionais, mas verdadeiros nômades, adicionando uma camada de realismo à narrativa. Ao ganhar o Oscar de Melhor Filme, o filme não só trouxe reconhecimento a Chloé Zhao e à equipe, mas também lançou luz sobre uma subcultura frequentemente negligenciada. O filme desafia noções preconcebidas de sucesso, lar e comunidade, e convida o público a questionar o que realmente significa ser livre. Em uma era de crescente desconexão e materialismo, Nomadland serve como um lembrete poético da simplicidade e beleza encontradas na jornada humana.
Após o colapso econômico de uma colônia industrial na zona rural de Nevada (EUA), Fern (Frances McDormand) reúne suas coisas em uma van e parte rumo a uma viagem exploratória, fora da sociedade dominante, como uma nômade dos tempos modernos. NOMADLAND, o terceiro filme de Chloé Zhao, apresenta nômades reais como Linda May, Swankie e Bob Wells como mentores e companheiros de Fern em sua jornada de exploração pela vasta paisagem do oeste americano.
O livro que inspirou o filme dirigido por Chloé Zhao estrelado por Frances McDormand, vencedor do Oscar 2021 de melhor filme, melhor atriz em papel principal e melhor direção, também vencedor do Globo de Ouro nas categorias melhor filme de drama e melhor direção. Dos campos de beterraba da Dakota do Norte aos acampamentos da Floresta Nacional de San Bernardino, na Califórnia, empregadores descobriram uma nova força de trabalho educada, disposta e de baixo custo, composta em sua maioria por norte-americanos mais velhos e sem endereço fixo. Muitos deles estão afundados em dívidas, sem poder pagar um aluguel ou uma hipoteca, com uma aposentadoria que mal dá para o básico. Resultado da grande recessão econômica de 2008, essa parcela invisível da sociedade ganhou as estradas em RVs, trailers, ônibus e vans, formando uma crescente comunidade de nômades, que não aceitam o rótulo de “sem-teto”, são simplesmente “sem-casa”. Eles têm um lar e este está sobre quatro rodas, acompanhando-os para onde forem (geralmente o próximo trabalho mal remunerado, sem direitos trabalhistas e em condições duvidosas). Nesta reportagem sensível e impressionante, que expõe o fim do “sonho americano”, Jessica Bruder segue as rotas mais usadas dos que trabalham em empregos temporários e conhece gente de todo tipo: um ex-professor, um executivo do McDonald's, um ministro de igreja, um policial aposentado e veteranos de guerra, entre muitos outros. Inclusive e principalmente sua irrepreensível protagonista/garçonete/caixa de loja de departamento/empreiteira/avó Linda May. Em um veículo de segunda mão que Bruder apelida de “Van Halen"", a jornalista pega a estrada para ver de perto e viver como vivem os objetos do seu estudo, transformados em personagens na película de Chloé Zhao, estrelada por Frances McDorman. No filme, McDorman interpreta Linda, mas a miséria, a solidão e a injustiça social desconhecem os limites entre realidade e ficção, e o drama das telas não é diferente do que se encontra nestas páginas. Acompanhando Linda May e os demais em limpezas de banheiros, armazéns repletos de mercadorias e reuniões no deserto, Bruder nos conta uma história reveladora de um lado sombrio da economia estadunidense _ um lado que prevê o futuro precário que pode estar à espera de muitos de nós. Ao mesmo tempo, ela celebra a excepcional resiliência e criatividade desses cidadãos, que contribuíram para a economia ao longo da vida, e tiveram que abrir mão de suas raízes para sobreviver. No entanto, como Linda May, que sonha em encontrar a terra onde possa construir sua “Earthship” sustentável, eles não deixaram de ter esperança.